O texto é uma reflexão em torno da necessária vitalidade do processo educativo. No âmbito escolar, muitas vezes essa vitalidade fica “adormecida”, quando educadores e educando são levados a repetir práticas de ensino-aprendizagem retrógradas, sem abertura para a participação ou criatividade. No entanto, há dispositivos pedagógicos acessíveis às escolas, que propiciam dinamismo ao processo educacional, destacam-se as oficinas pedagógicas. Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, ai daqueles que, em lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelarem a um passado de rotina (Paulo Freire, 2002).
Na Escola Estadual Vila Rica foi proporcionada nos dias 25 a 28 de junho de 2012, momentos de construção do conhecimento através do trabalho com oficinas pedagógicas, intitulado: FEDEJA Escolar: “As flores da noite também têm cheiro”, a qual buscou entrelaçar com alunos e professores o estudo da parte teórica da Resolução 005/2012 do CEE-MT que ampara a Modalidade de Ensino EJA, um artigo do professor Miguel Arroyo: Um balanço da EJA que propicia a reflexão sobre os desafios e avanços dessa modalidade de Educação. Na praticidade foram desenvolvidas várias oficinas, as quais, foram de suma importância para aprimorar vínculos interpessoais, alunos, professores, apoio e comunidade.
O evento realizado na escola contou com a junção das turmas da modalidade EJA e as turmas do Ensino Médio, modalidade “regular” do noturno, pois uma grande parcela dos atuais alunos transita nas modalidades oferecidas pela escola. Foi ofertado em dois dias Oficinas de Matemática Financeira e Matemática em toda parte; Artesanatos: Ciranda da Criatividade (macramê, fuxico e crochê), Química no cotidiano-sabão, Teatro- “Em nome da Arte”, A música trazendo novos sentidos ao ensino da Matemática. Após a concretização das oficinas foi realizada um evento intitulado Noite Cultural, na qual os alunos por meio de teatro, painel fotográfico e depoimentos fizeram uma exposição resultado do trabalho das oficinas.
A realização das oficinas pedagógicas e da noite cultural é algo inédito para a comunidade escolar, embora sendo ações já orientadas pela proposta curricular da SEDUC-MT para as escolas de EJA. Imbricado nesse contexto as oficinas pedagógicas serviram de instrumento tanto para a formação contínua do (a) educador (a) quanto para a construção criativa e coletiva do conhecimento por alunos e alunas, professores e professoras que trabalham na escola pública. Essa metodologia é pensada com o olhar voltado para a formação desses (as) profissionais de ensino, na conjuntura de um modelo epistemológico que supõe o conhecimento como um processo (cri) ativo de apropriação e transformação da realidade. Entendemos a oficina pedagógica como uma metodologia de trabalho em grupo, caracterizada pela “construção coletiva de um saber, de análise da realidade, de confrontação e intercâmbio de experiências”. O que nos remete aos ideais mencionados por CANDAU, (1999, p.23).
No caso da Escola Estadual Vila Rica as oficinas vislumbram um contexto pedagógico e cultural ao mesmo tempo estável e dinâmico: tal como uma oficina deve oferecer, ou seja, condições para o trabalho, bem como permitir a constituição de vínculos de amizade, respeito e solidariedade. O que consideramos necessário para a construção da identidade da escola de EJA.
A maior lição que construímos a partir dessa ação é que os desafios da escola de EJA perpassa a infraestrutura porque o objetivo maior é a edificação dos vínculos interpessoais que devem se estabelecer de forma dinâmica e eficiente. Nas oficinas que realizamos na escola foi perceptível a troca de saberes, quando alunos assumiram o papel de professores e ministraram oficinas, enquanto professores se posicionaram como aprendiz e tiveram outros professores que conseguiram de forma brilhante re/significar suas práticas usando da criatividade para atrair atenção da comunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário